quarta-feira, março 24, 2010

O QUE ME CONTARAM SOBRE O TITANZINHO

Vou colocar aqui um texto escrito pelo Oswald Barroso, doutor em Sociologia pela UFC que escreveu sobre o Titanzinho e a ameaça do Estaleiro.


O QUE ME CONTARAM SOBRE O TITANZINHO



Contaram-me que os moradores do Titanzinho darão graças a Deus quando o estaleiro der um fim à sua praia porque, sendo pobres e analfabetos, pouco estão ligando para a paisagem, embora ali o mar tenha peixes fartos e as melhores ondas para surfar de todo o Brasil. Pouco se importam também, disseram-me, que um paredão se instale entre eles e a praia, porque se pode passar muito bem sem jogar bola ou mesmo sem correr pela areia, tomar uma cerveja, olhar a lua, o pôr do sol, fazer qualquer coisa, desde que se tenha grana no bolso, emprego seguro, como promete um bom estaleiro. Contaram-me, inclusive, que eles concordam, até mesmo, em dissolver a comunidade se for necessário, empestada de funkeiros, ladrões e traficantes. Um estaleiro os livraria dos bandidos e vagabundos.

Em outra ocasião, deram-me o exemplo de um estaleiro que, chegando numa praia parecida com aquela, gerou emprego e renda, transformando de tal modo a vida do povo que muitos de seus habitantes, em pouco tempo, já possuíam carro e casa própria. Pareciam arautos de Deus, reunidos em uma assembléia do Olimpo, esses que falavam envergando paletós. Munidos de números e palavras técnicas, despejavam argumentos, demonstravam absoluta convicção no que diziam, embora alguns deles fossem ainda muito jovens. Como se tratava de grave questão e houvesse resistência, pois afinal não se condena todo dia uma praia com sua cultura ao desaparecimento, a maioria lavou as mãos e passou a responsabilidade aos técnicos. Caberia à ciência, essa nova religião, a palavra final. Os órgãos responsáveis pelo meio-ambiente dariam a palavra final. Assim estaria garantida a assepsia e a neutralidade da decisão, embora não estivessem esquecidas de todo as manchetes nos jornais dando conta de casos graves de corrupção comprometendo decisões e laudos técnicos dos citados órgãos.

No sábado fui visitar o Titanzinho. Ver para crer, ouvir com meus próprios ouvidos. Levei uma caderneta e uma máquina fotográfica. Voltei a ser repórter. Fui direto ao assunto. Anotei primeiro o que estava escrito em um muro de frente à praia. Tinha tudo a ver: “Contaram-me que os peixes não se importam de serem pescados, pois tem o sangue frio e não sentem dor. Mas não foi um peixe que me contou isso.” Havia um recital de poesia promovido pelo Grupo Chocalho com a participação de rappers locais. Alguns contaram em versos a história das lutas dos moradores para não serem despejados do Bairro Serviluz. Outro falou a propósito da ameaça da instalação do estaleiro na praia do Titanzinho: “Querem arrancar um pedaço do meu coração!”

As pessoas comentavam desconfiadas as promessas de emprego e renda advindas do estaleiro. Anotei uma fala: “- Quando construíram este porto aqui, com todas essas empresas, também prometeram emprego para o povo do bairro.” A propósito, o estaleiro citado acima, gerador de tantas maravilhas, fica em Pernambuco, em zona rural bem distante do Recife, local apropriado, portanto, longe dos centros urbanos, lugar bem diferente de um “santuário” da cultura praieira, como o Titanzinho.

Isso mesmo, o povo do Serviluz não abre mão de sua praia, foi o que lá me disseram. E eu digo: o Titanzinho é um patrimônio natural e cultural da cidade. É chão sagrado, é mar sagrado, onda de Tita Tavares e de outros Titãs. É patrimônio de Fortaleza. Nós não abrimos mão dele, nem por trinta bilhões, quanto mais por trinta tostões. Que as máquinas do dinheiro vão ranger noutro lugar.


Oswald Barroso

segunda-feira, março 22, 2010

Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial

Ontem, dia 21 de março foi o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. Essa data foi definida pela ONU em 1976 para lembrar o massacre de 60 negros na cidade de Shapeville, África do Sul.
Confesso que até terça da semana passada não conhecia essa data, mas assim que descobri foi em busca de mais informações sobre o fato, saber em que circunstancias esses negros foram mortos, etc...
A busca na internet foi bem complicada pois os sites que achava só falavam o que eu já sabia: "Massacre de 60 negros ocorrido em 1960 na cidade de Shapeville, África do Sul", mas hoje procurando melhor achei algumas informações adicionais:

"Em 1976, a ONU escolhe o dia 21 de março como o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, para lembrar os 60 negros mortos e as centenas de feridos na cidade de Shapeville, África do Sul, em 21 de março de 1960. Estas pessoas foram vítimas da intransigência e do preconceito racial quando pacificamente realizavam uma manifestação de protesto contra o uso de “passes” para os negros poderem circular nas chamadas áreas “brancas” da cidade" http://sst.sc.gov.br/cedim/modules/tinyd3/

Ainda não me sinto satisfeita com essas informações e continuarei minhas pesquisas... Caso vocês, meus pouquíssimos leitores, souberem de mais informações sintam-se convidados a contribuir com a difusão de conhecimento sobre esse fato, sobre essa luta pela igualdade.

segunda-feira, março 15, 2010

Preciso é de sambar...

"Vai ter uma festa que eu vou dançar até o sapato pedir para parar. Aí eu paro tiro o sapato e danço o resto da vida"
Chacal

domingo, março 07, 2010

vai passando... vou deixando...

É de manhã, vem o sol
E o calor que atormenta Fortaleza.
Os pingos da chuva, ontem não cairam!

É segunda-feira mas...
Todo dia faço tudo sempre igual
Me acordo as seis horas da manhã
Mas não consigo ser pontual.

A cidade não pára
A vida não pára

Vou pulando
de um ponto a outro da cidade
cumprindo atividades

O dia finda
E junto finda-se a disposição.
O cansaço se acomoda no corpo
E o corpo acomoda-se no sofá.

E adio o lúdico
Não hoje, não amanhã
Quem sabe domingo?

Chega o domingo!
o corpo exausto
acumulou cansaço.

Acumulou-se também
roupas a lavar...
bagunças a arrumar...
cômodos a limpar...

É...
Vou deixando o lúdico passar
Os encontros desencontram
As artes... desastres

É de manhã, vem o sol
E o calor que atormenta Fortaleza.
Os pingos da chuva, ontem não cairam!

É segunda-feira mas...
Todo dia faço tudo sempre igual
Me acordo as seis horas da manhã
Mas não consigo ser pontual.